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REPORTAGEM 3: O SUMIÇO DO INQUÉRITO QUE INVESTIGAVA SENADOR E A CPI DO CACHOEIRA!


Em outra aparição do senador Álvaro Dias, em casos da Lava jato, desta vez envolvendo a CPMI do Cachoeira. Emails fornecidos à Polícia Federal pelo ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran apontam que o parlamentar teria recebido R$ 5 milhões para "aliviar" seus questionamentos a investigados na CPI.



A força-tarefa da Lava Jato qualifica Tacla Duran como um "fugitivo" e o acusa de movimentar mais de R$ 95 milhões para a Odebrecht e outras empresas em vários países do mundo, além de lavar por meio de suas empresas cerca de R$ 50 milhões. Apesar disso, a Interpol retirou qualquer alerta contra Tacla Duran. Na Espanha, ele vive em liberdade e revelou ao UOL ter sido alvo de extorsão para não ser preso.

Em 2016, ele seria procurado pela PF para prestar um depoimento para uma investigação que ocorria em São Paulo. Tacla Duran falou na Espanha. Em 28 de novembro de 2017, prestou novas informações à PF de forma voluntária. Num documento, ele faz referências ao senador Alvaro Dias.

Ele conta que recebera, em 2015, um email de Luis Eduardo da Rocha Soares, então diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, o nome oficial do departamento de propinas da empresa. Nele, o executivo anexava um outro email ainda de 2012 que havia recebido de Samir Assad, um dos operadores que atuavam na transferência de recursos e propinas.

"O email de Samir Assad falava de um acerto de R$ 30 milhões envolvendo parlamentares, sendo que um senador solicitara R$ 5 milhões", escreveu.

"Neste email, Luis Eduardo da Rocha Soares pediu que eu procurasse Samir Assad para obter maiores informações sobre o assunto do email de 2012 trocado entre eles e fizesse uma avaliação de impacto de riscos jurídicos para o Grupo Odebrecht", disse Tacla Duran.
Ele continua com seu depoimento: "Assad explica que esses recursos eram insuficientes para que tivessem êxito na obstrução das investigações daquela CPMI e que seriam necessários mais recursos, porque o senador Alvaro Dias solicitara mais R$ 5 milhões para parar de 'bater' no seu irmão, Adir Assad".

"Adir acabou convocado para depor na CPMI do Cachoeira. Ainda foi encaminhado, neste mesmo email, arquivo em formato Excel com planilha de controle com o codinome ALICATE (apelido comum aos que têm joelho varo --pernas arqueadas-- popularmente chamadas de perna de alicate), que Samir Assad identifica como sendo o senador Alvaro Dias", diz Tacla Duran.

A reportagem do UOL viu esse email com a planilha anexada.

Em janeiro de 2018, o inquérito sobre o caso foi transferido para o MPF de São Paulo. De lá, segundo a PGR, foi transferido para o MPF do Paraná, pois as investigações sobre Tacla Duran estavam sendo tocadas por procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Sumiço do inquérito

Como um passe de mágica ou por encanto o inquérito que trazia as informações do ex-advogado da Odebrecht sobre o senador Álvaro Dias sumiu, o próprio Tacla Duran chegou a reclamar do sumiço do inquérito numa audiência na Câmara dos Deputados, via videoconferência, em junho de 2018. A queixa levou parlamentares a pedir explicações a autoridades sobre a investigação.

Em setembro de 2018, a PF respondeu aos deputados informando que o "inquérito nunca sumiu". Enquanto esteve em São Paulo, ele tramitou normalmente e foi acessado livremente pela defesa dos investigados. No mesmo documento, a PF informou: "O sr. Alvaro Dias não foi investigado neste inquérito policial".



O MPF do Paraná, que assumiu a investigação enviada por São Paulo, não divulgou nenhuma informação sobre o que ele chamou de "suposto inquérito". Não consta no sistema do STF nenhuma investigação sobre Alvaro Dias ligada ao caso.

Alvaro Dias ressaltou em entrevista ao UOL que não é investigado na Lava Jato pois não é suspeito de cometer nenhum ilícito. Ele disse que as suspeitas relacionadas à CPI da Petrobras e à CPMI do Cachoeira são boatos usados por adversários eleitorais para tentar comprometer o político.

"Considero essas afirmações contra mim uma revanche, uma tentativa de me desmoralizar, porque eu sempre lutei contra a corrupção", disse ele, lembrando que ele mesmo denunciou Adir Assad na CPI do Cachoeira. "Nunca ninguém teve coragem de me oferecer propina. Só uma vez, como governador, quando cancelei uma licitação superfaturada. Mandei correr”.

Procurada, a PF de São Paulo não respondeu aos questionamentos do UOL a respeito do inquérito no qual Tacla Duran informa o envolvimento de Dias no caso da CPI do Cachoeira. O MPF do Paraná, para onde o inquérito foi enviado, disse que não comenta nem confirma "supostas" investigações.

O órgão do Paraná, onde a Lava Jato teve início, também foi questionado se chegou a investigar o senador Alvaro Dias ou mandou informações a que teve acesso à PGR para que ele fosse investigado. Não respondeu.


Texto: via site Uol com pequenas alterações de Pedro Oliveira

Finalização e considerações: Pedro Oliveira

Edição: Ana Fernandes

Informações: site Uol


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