Apuração da revista IstoÉ
feita nos gabinetes do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e de seus
filhos revela uma prática semelhante ao esquema de caixinha de assessoria:
funcionários do clã fizeram doações e prestaram serviços políticos para
campanhas eleitorais dos Bolsonaro e, em alguns casos, os valores das
contribuições ultrapassavam os próprios rendimentos de quem doava.
A reportagem publicada na edição deste fim de semana
mostra o caso do capitão do Exército Jorge Francisco, que trabalhava com Jair
Bolsonaro havia 20 anos, no gabinete do deputado do PSL em Brasília, e morreu
em abril deste ano. Naquele mês, o presidente eleito deu uma pausa na agenda de
compromissos para ir ao velório do amigo e funcionário.
O ex-servidor da Câmara teve papel determinante na
eleição de Flávio Bolsonaro como vereador em 2002, diz a revista. A prestação
de contas de Flávio naquele ano mostra que Francisco doou R$ 5,9 mil para a
campanha do filho mais velho de Jair Bolsonaro. Esse foi, aliás, o valor total
que o hoje deputado estadual declarou ter gasto em sua campanha – algo em torno
de R$ 18 mil, em valores atualizados.
No ano seguinte, já como membro do gabinete de Bolsonaro
em Brasília, Francisco recebia salário de cerca de R$ 15 mil por meio de um
cargo de confiança. O assessor parlamentar feitas outras doações, em espécie, à
família. Em 2004, foram R$ 10 mil (ou algo como R$ 22 mil, em valores de hoje)
doados para a primeira eleição de Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), o filho do meio –
ou "02", como Bolsonaro gosta de dizer –, à Câmara Municipal do Rio
de Janeiro. Ao todo, Carlos recebeu R$ 34,5 mil em doações naquele ano, ou seja,
Francisco deu cerca de 30% das doações.
"As informações apuradas por IstoÉ constam das
próprias contas eleitorais. Em vários casos, servidores de Jair Bolsonaro foram
responsáveis por doações, por meio de serviços ou em dinheiro em espécie, aos
filhos desde quando eles começaram a disputar eleições, a partir de 2002. Ou
seja, parece comum que servidores contratados por eles empregassem – obrigados
ou não – o dinheiro proveniente de seus ganhos mensais no apoio
político-eleitoral aos Bolsonaro", diz trecho do texto assinado por Wilson
Lima.
Via congresso em foco
Edição Selena Martines
Colaboração Pedro Oliveira
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