Sedentos por novas oportunidades no mercado mundial e contrários a decisão ocidental de impor sanções a Rússia, médios e pequenos empresários chineses e indianos vem potencial de crescimento com vendas ao mercado russo por meio dos sistemas de pagamentos dos dois países.
Os presidentes Vladimir Putin, Narendra Modi e Xi Jiping durante reunião entre os países |
Ouvimos alguns especialistas em mercados internacionais e
economistas sobre uma perspectiva e resiliência do mercado russo e como poderia
ser suprida a saída das empresas ocidentais do país de Vladimir Putin.
O especialista em comércio exterior entre Brasil e China,
Lucas Donel, aponta que pequenas e médias exportadoras indianas e chinesas, já
correm para franquiar produtos de grandes marcas dos mais variados segmentos de
seus países. Os principais produtos são: programas de computadores, aplicativos,
eletrônicos, computadores, sapatos, roupas, perfumes, alimentos, produtos
hospitalares e remédios, tudo isso de olho no mercado russo, que viu os ocidentais
largarem o país e impor sanções pesadas e um evidente boicote aos russos.
Ele ressalta que ao contrário das marcas ocidentais,
pequenas e médias exportadoras da China e da Índia não constumam fazer negócios
em larga escala com o ocidente e o mercado americano, por isso, “o medo de sofrerem retaliação por parte desses mercados é
pouco, se compararmos a visão e o apetite por novas oportunidades de negócios”.
Para uma representante de uma grande marca Indiana que
decidiu falar conosco em condição de anonimato, além das médias e pequenas
empresas, grandes corporações chinesas e indianas analisam que o momento é propício para
suprir o vácuo deixado por grandes corporações ocidentais e veem com bons olhos
a disposição desses pequenos e médios empresários locais.
“A saída da Apple por exemplo,
abriu o mercado russo para as gigantes Xaiomi e Hawei que podem abrir lojas em Moscou
para suprir a falta da apple como pode deixar a cargo de importadores russos ou
mesmo usar pequenas e médias exportadoras chinesas para isso”.
O especialistas em redes, Antonio Sobreira, lembra que quem pode
faturar muito com a saída do Google pay e o Appe pay do mercado russo, é o
aplicativo mais popular da China, o We-Chat, ele lembra ainda que o Wechat é muito
usado para pagamentos e outros serviços na sociedade chinesa, “o Wechat pode substituir os meios de pagamentos deixado
pelos EUA, e até mesmo o Uber e ou o I-food, já que o aplicativo possui vários
serviços que vão de pagamentos até fazer teleconsultas”.
Outro mercado que deve ser disputado entre indianos e chineses é o de veículos, com a saída das montadoras americanas, o espaço pode ser rápidamente substituido por montadoras chinesas e indianas que possui veiculos mais leves e econômicos que os carros americanos e europeus, aponta Ubaldo Perene, especialista em exportações. “As montadoras indianas e chineses são competitivas, eficiêntes, possui qualidade e seus carros são muito mais econônicos que os europeus e americanos, além do conforto, sem contar que a proximidade entre os países, faz com que a reposição de peças seja menos demoradas que as vinda do ocidente”.
A especialista em gestão de fundos de investimentos e economista, Aline Cratega, aponta que os fundos de investimentos chineses calculam que o novo mercado russo do pós guerra pode ser muito atraente principalmente, com a baixa nos preços de commodities russas, como petróleo, gás e carvão. Além claro do aumento no volume de negócios entre os dois países, “A aposta é de que o ocidente não vai segurar por muito tempo as sanções a Moscou e os chineses estarão um passo a frente para surfar na recuperação da economia russa”.
“É um pensamento compartilhado
entre os investidores indianos, que vem nas sanções ocidentais a oportunidade
de que seus médios e pequenos negócios possam se expandir numa possível recuperação
da economia russa”, afirma Cratega.
Mas para economista, Anderson Carvalles,
existem ressalvas a cerca desse otimismo e alerta que as sanções podem não ser
de curto prazo e o que hoje pode ser oportunidade, pode virar um verdadeiro
pesadelo caso as sanções sejam de longo prazo, “Não
existe garantia de que a economia russa vai voltar a ser como antes e tão pouco
quanto a duração das sanções, se forem de curto prazo, digamos um ano, quem
investir agora na Rússia pode ganhar uma bolada preta, mas, se forem longas e a
recuperação for lenta, pode se perder muito dinheiro,mas, tudo depende de como
o ocidente vai se virar sem os russos e como indianos e chineses vão ser capazes
de suprir a demanda”.
Parte das grandes corporações chinesas já sofrem sanções
americanas e portanto, não terão dificuldades em fazer negócios com os russos, para
médios empresários chineses é o momento propício para se aventurar no mercado
internacional e de quebra conseguir um parceiro estratégico na região, as
sanções ocidentais pode ser no final das contas a galinha dos ovos de ouro para
o mercado chinês e indiano,além claro de outros países aliados que se negaram a
impor sanções ao governo de Vladimir Putin, mesmo, aqueles que temem sanções
americanas, já sabem que podem fazer negócios com os russos por meio do sistema
de pagamento russo e chinês sem serem rastreados pelos EUA e Europa.
Da redação
Texto: Pedro Oliveira
Edição: Ana Fernandes
Colaboração do centro de estudos da UFC
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